Teresinha (1999)
Sempre desejei ser uma santa, mas, ai, sempre constatei, quando me comparava aos santos, que há entre eles e eu a mesma diferença que existe entre uma montanha cujo topo perde-se nos céus e o grão de areia obscuro pisado pelos pés dos transeuntes; em vez de me desencorajar, disse para mim mesma: o Bom Deus não poderia me inspirar desejos irrealizáveis, posso portanto, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade; não posso eu mesma aumentar o meu tamanho, devo suportar-me tal como eu sou com todas as minhas imperfeições, mas vou procurar o meio de ir para o Céu por um caminhozinho bem reto, bem curto, um caminhozinho inteiramente novo.
Teresinha não é uma biografia da Santa carmelita. É antes uma radiografia de seu espírito, ou melhor, de sua espiritualidade. Utilizando textos da própria Santa, o espetáculo faz com que o público participe da atmosfera em que a jovem carmelita de Lisieux movia-se, atmosfera de silêncio, de oração e meditação, de adoração e ação de graças.
Numa linguagem simples e forte, sem fazer uso de grandes efeitos tecnológicos ou espetaculares, Teresinha é construído a partir do trabalho das atrizes, numa interpretação densa e rica em nuances, numa economia gestual que privilegia o simbólico e o extático, fazendo com que a palavra seja sempre prenhe de significado.
É um espetáculo que contrasta com a maior parcela da produção teatral contemporânea, cujo objetivo é simplesmente divertir, muitas vezes com um apelo fácil à sensualidade e mesmo à imoralidade.
Teresinha é de um lirismo sóbrio e profundo, à maneira dos oratórios de outrora, e com suavidade e delicadeza leva o público a fazer uma reflexão e avaliação de sua própria vida, a partir de referências que pertencem à própria essência do cristianismo.
Cenário e Figurinos
Em Teresinha,o espaço cenográfico é uma “estufa de luzes”; algumas mesas e uma escada delimitam esse espaço, reforçando o sentido da arena e ao mesmo tempo transformando-se, em função das marcações, em diversos altares por onde as duas imagens recontam os seus momentos.
Trabalhamos sobre essas mesas e escada essencialmente com rendas (com motivos florais), castiçais, candelabros e vasos de louça, velas, livros, rosas, uma pedra e um crucifixo.
Os figurinos acompanham, através do material usado na sua confecção, a linguagem cenográfica; as pétalas de rosa vão envolvendo-se, intercalando-se, para dar origem à flor; as várias saias, sobre-saias, mantos e aplicações reforçam o sentido “mulher/flor/santa”, tendo como materiais básicos o algodão-cru e a linhagem tingidos, e a mesma renda recortada e aplicada de diferentes maneiras.
Carlos Colabone
Foi, para nossa Paróquia, uma bênção a apresentação do espetáculo TERESINHA, pelo Grupo Tempo. Com muita sensibilidade e respeito, o Grupo nos fez ver e ouvir Santa Teresinha falando do seu caminho espiritual. É incrível como ouvir Santa Teresinha, interpretada pelas atrizes, nos faz perceber mais profundamente a riqueza espiritual contida em “História de uma alma”.
O espetáculo foi muito bem acolhido pelos paroquianos presentes que se emocionaram e comentaram positivamente a escolha e montagem dos textos selecionados de Santa Teresinha.
Recomendamos a todos, quantos queiram, assistir este espetáculo de beleza e espiritualidade para preparar nossos corações para a tarefa evangelizadora que Santa Teresinha, autêntica filha do Carmelo, resumia dizendo consistir em fazer conhecer e amar Jesus Cristo em todo lugar, em todo o tempo.
Parabéns ao Grupo Tempo! Que Santa Teresinha os acompanhe e abençoe!
São Paulo, 31 de agosto de 1998.
Frei Antônio Sílvio da Costa Júnior, O. Carm.
(Paróquia de Santa Teresa de Jesus – São Paulo – SP)
Ficha Técnica
Elenco
Bel Ribeiro
Dora Cohen
Cenário e Figurinos
Carlos Colabone
Música
Homero Feijó
Iluminação
Flavio Crepaldi
Roberto Mallet
Dramaturgia
Roberto Mallet
Textos
Gustavo Corção
Santa Teresa de Jesus
Santa Teresinha
São Pedro
Tradução
Roberto Mallet
Produção
Bel Ribeiro
Dora Cohen
Programação Gráfica
Flavio Crepaldi
Direção
Roberto Mallet
Apoio
