A idéia de montar uma adaptação de Drácula vem sendo acalentada há alguns anos. Com a produção de Canto de Outono, tivemos a oportunidade de desenvolver uma radical investigação sobre a ação dramática não-realista. Trabalhamos sobre a estrutura temática do auto medieval com um tratamento poético contemporâneo.
Há anos estamos debruçados sobre esta questão: como realizar seqüências de ações que não reproduzam a vida de maneira naturalista? E isto sem criar um espetáculo hermético ou virtuosístico. Chegamos assim a uma abordagem poética, simbólica, metafórica da cena, levando os atores a encontrar no campo das ações uma lógica de composição análoga à do poeta.
Em Drakul – Paixão e Morte, a história é contada em quadros que obedecem a um desenvolvimento cronológico, ligando-se através de elipses, transições, rupturas. Muitas vezes esses quadros acontecem simultaneamente, criando um outro eixo de leitura, vertical, onde duas ou mais ações concomitantes associam-se, dialogam, criando novos sentidos.
Para estabelecer o roteiro, partimos do livro de Bram Stoker e das suas versões cinematográficas de F.W. Murnau e W. Herzog. Logo o roteiro de Nosferatu mostrou-se melhor para nossa concepção.