Roberto Mallet começou sua investigação sobre o clown com a diretora gaúcha Maria Helena Lopes, no Rio Grande do Sul. Ela fizera recentemente um estágio na Escola de Jacques Lecoq, pedagogo francês responsável pelo ressurgimento do interesse pelo clown no Ocidente. Em 1982, Maria Helena criou com o Grupo Tear o espetáculo Os Reis Vagabundos, uma das primeiras montagens brasileiras que têm influência direta da prática teatral e pedagógica criada por Lecoq. Mallet desempenhou nesse espetáculo a função de escriba (registro escrito das situações, ações e cenas criadas nos ensaios).
O acompanhamento cotidiano do processo de criação e o exercício de transcrever para o papel as ações realizadas pelos atores, com o olhar da diretora enquadrando e conduzindo todo o trabalho, foi fundamental na formação teatral de Mallet. Era uma experiência predominantemente teórica, e entretanto estabeleceu o terreno sobre o qual ele viria a chegar a uma poética e pedagogia próprias.
O tema do clown foi retomado somente em 1987, com a montagem de “Na praça…”, direção de Zé Gallas. Só então Mallet começou a construir seu palhaço, que inicialmente movimentava-se em um registro mais lírico. Em 1991 é que surge o clown GREGORIO, quando a palavra passa a ser a matéria principal de sua performance.
GREGORIO vem sendo trabalhado ao longo dos 15 anos que separam aquele primeiro espetáculo de Auto-escola de arte dramática. Esporadicamente. Além das pequenas aparições que fazia em festivais de teatro e locais públicos, em 1991 Mallet montou “Lição de Etiqueta” e em 1995 “Judiaria”. A parceria com o diretor Mario Santana, iniciada com a montagem de Lições de Abismo, permitiu que novos estímulos se agregassem à investigação do aspecto cáustico pretendido e se concretiza com esta aula-aberta ministrada por GREGORIO neste espetáculo.
O trabalho de Mallet no campo clownesco não se reduz à interpretação de GREGORIO. Além da criação e direção de espetáculos, dá cursos e palestras sobre o tema.