Diante de nós um homem
em ação.
Diante de nós o espaço e o tempo
e o homem em ação.
O corpo não é o instrumento do ator.
É o LUGAR em que plasma suas formas –
AÇÕES.
Atos de uma vontade.
Diante de nós um homem
exatamente como nós
e infinitamente distante.
Um semelhante que nos fala
do além.
Que executa ações muitas vezes incompreensíveis –
como nós –
construindo uma obra que é antes de tudo
um TESTEMUNHO.
Não um ídolo a se adorar,
uma jóia na vitrine,
mas uma vítima de sacrifício.
Sacrifício das inumeráveis repetições,
dos exercícios constantes,
da busca muitas vezes enlouquecedora
de um som, de uma contração, de um sopro
precisos.
Sacrifício das viagens precárias,
dos quartos de hotel,
das madrugadas,
da solidão…
Vítima que se oferece em testemunho
do homem, do cosmos, de Deus –
para o homem, para o cosmos, para Deus –
e que na transparência de sua técnica
faz ver.
Uma presença
e um presente
que se dá.